Carlos do Carmo




Carlos do Carmo, um nome que ecoa na história da música portuguesa, uma voz inconfundível que embala gerações. Nascido em 1939, no coração de Lisboa, Carlos do Carmo foi o herdeiro de uma tradição musical secular, o fado.
Desde cedo, o amor pela música correu nas suas veias, tendo aprendido a tocar guitarra com o pai, o grande fadista Alfredo Marceneiro. Aos 18 anos, estreou-se profissionalmente, dando início a uma carreira repleta de êxitos e reconhecimento.
A voz de Carlos do Carmo era profunda, carregada de emoção e sentimento. Cantava o amor, a saudade, a alegria e a tristeza, com uma intensidade que arrebatava o público. Os seus fados, muitas vezes acompanhados pela guitarra portuguesa, eram verdadeiras obras de arte, capazes de transportar-nos para um mundo de sonhos e memórias.
Entre os seus maiores sucessos, destacam-se "Lisboa Menina e Moça", "As Rosas do Sul", "Canoa do Tejo" e "O Fado". Estas canções tornaram-se hinos da música portuguesa, cantados e apreciados por pessoas de todas as idades.
Além do fado, Carlos do Carmo também se aventurou noutros géneros musicais, como a canção francesa e o samba. Colaborou com grandes nomes da música internacional, como Amália Rodrigues, Charles Aznavour e Chico Buarque.
O seu talento e dedicação foram reconhecidos em Portugal e no estrangeiro. Recebeu vários prémios e condecorações, incluindo a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Foi também nomeado Embaixador do Fado pela UNESCO.
Carlos do Carmo faleceu em 2021, deixando um legado musical inestimável. A sua voz continuará a ecoar nos fados que nos embalam e nas memórias que nos aquecem a alma.
Uma Voz que Nos Embala
Lembro-me bem do meu avô cantando os fados de Carlos do Carmo. A voz dele, rouca e cheia de sentimento, enchia a nossa casa de uma atmosfera nostálgica e acolhedora. Aquelas canções falavam-me da nossa história, da nossa cultura, e faziam-me sentir uma ligação forte com as minhas raízes.
Um Homem Verdadeiro
Além de um grande artista, Carlos do Carmo era também um homem humilde e generoso. Nunca esqueceu as suas origens e sempre apoiou os jovens fadistas. Lembro-me de um dia em que fui assistir a um concerto dele. No final, pediu aos músicos que tocassem uma canção para mim, um jovem fã que acabara de começar a aprender guitarra. Aquele gesto simples fez-me perceber que, além de um grande talento, Carlos do Carmo tinha também um coração de ouro.
O Fado Vive em Nós
A música de Carlos do Carmo continua viva em nós, portugueses. Cantamos os seus fados nas festas e nos momentos de saudade, e eles fazem-nos sentir orgulhosos da nossa cultura e da nossa história. O fado é um património imaterial da humanidade, e Carlos do Carmo foi um dos seus maiores embaixadores. Obrigado, Carlos, por nos teres dado a tua voz e o teu coração.