A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) é uma das maiores estatais de saneamento básico do Brasil, responsável pelo abastecimento de água de 36 municípios do estado do Rio de Janeiro, incluindo a capital. Sua história, repleta de altos e baixos, é um verdadeiro épico que envolve secas crônicas, investimentos bilionários, privatizações e até mesmo um acordo com os deuses.
A história da Cedae começa em 1975, quando o governo do estado fundiu as quatro empresas de água que operavam no Rio de Janeiro. O objetivo era criar uma única estatal capaz de gerir o complexo sistema de abastecimento de água da região metropolitana. Nos anos seguintes, a Cedae investiu pesado na expansão da rede de água e esgoto, alcançando níveis de cobertura impressionantes.
Mas a saga da Cedae também foi marcada por desafios. Nos anos 90, a empresa enfrentou uma grave crise financeira que a levou à beira da falência. Em 1997, o governo do estado foi obrigado a privatizar 49% das ações da Cedae, que foram vendidas à empresa francesa Suez Environnement. A privatização gerou controvérsias, mas ajudou a sanear as finanças da empresa.
Em 2008, a Suez Environnement vendeu sua participação na Cedae para a empresa brasileira Odebrecht. A Odebrecht assumiu o controle da estatal e prometeu investir pesado em melhorias na infraestrutura de água e esgoto. No entanto, a empresa foi envolvida em um grande escândalo de corrupção e acabou tendo que vender a Cedae de volta ao governo do estado.
Em 2017, a Cedae foi novamente privatizada, desta vez para um consórcio formado pelas empresas Aegea, Iguá e Rio Águas. O consórcio assumiu o controle da estatal por um período de 35 anos e prometeu investir R$ 30 bilhões no sistema de água e esgoto do Rio de Janeiro.
Apesar dos investimentos, a Cedae ainda enfrenta desafios. A pior seca dos últimos 80 anos, ocorrida em 2015, levou a um racionamento de água que prejudicou milhões de pessoas. A empresa também é criticada pela falta de investimentos em saneamento básico, o que contribui para a poluição das águas e a proliferação de doenças.
A saga da Cedae é um reflexo da complexidade dos desafios que o Brasil enfrenta no setor de saneamento básico. A empresa é uma peça fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Rio de Janeiro, mas também é afetada por questões políticas, financeiras e ambientais. O futuro da Cedae é incerto, mas sua história é uma prova de resiliência e da importância dos investimentos em água.
É uma obra em andamento, uma história que ainda está sendo escrita. E, como em qualquer saga, há desafios e triunfos ao longo do caminho. Resta saber como terminarão as aventuras da Cedae, a estatal que busca água para uma cidade sedenta.