Dora Varella: uma mulher à frente do seu tempo, que quebrou barreiras e abriu caminho para as mulheres no jornalismo brasileiro. Sua trajetória é marcada por pioneirismo, coragem e dedicação à profissão.
Nascida em 1923, em Porto Alegre, Dora Varella sempre teve a escrita como paixão. Aos 17 anos, ingressou na Faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Na época, era a única mulher da turma.
Apesar dos preconceitos e das dificuldades enfrentados por ser mulher, Dora não desistiu. Formou-se em 1943 e iniciou sua carreira no jornal Correio do Povo, em Porto Alegre. Dali, seguiu para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no Diário Carioca e no Jornal do Brasil.
Foi no Jornal do Brasil que Dora Varella ganhou destaque como repórter e colunista. Sua coluna "Feminino", publicada semanalmente, abordava temas relacionados à mulher, à família e à sociedade. "Feminino" tornou-se um marco no jornalismo brasileiro, pois dava voz às mulheres em um momento em que elas ainda eram pouco ouvidas.
Dora Varella também foi pioneira no jornalismo investigativo. Em 1979, publicou o livro "A Máfia do Cigarro", uma investigação sobre a indústria do tabaco no Brasil. A obra foi um sucesso de vendas e gerou polêmica, pois denunciava irregularidades e corrupção no setor.
Além de sua carreira como jornalista, Dora Varella também foi professora e ativista. Lecionou na PUCRS, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade de Brasília (UnB). Foi uma das fundadoras da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Mulheres Jornalistas (ABMJ).
Dora Varella faleceu em 2009, aos 86 anos. Deixou um legado de coragem, determinação e compromisso com a verdade. Sua trajetória é uma inspiração para todos aqueles que acreditam no poder do jornalismo para transformar a sociedade.