Falperra




Imaginem só vocês, caros leitores, uma situação embaraçosa daquelas que a gente gostaria de esquecer para todo o sempre. Eu, que não sou boba nem nada, já passei por umas boas, mas tem uma em especial que me arranca risadas até hoje, mesmo depois de tantos anos.

Eu estava na faculdade, cursando o primeiro ano de jornalismo. Era uma manhã de sol, dessas que dão vontade de sair correndo pro parque, mas eu estava lá, sentada na sala de aula, me esforçando pra entender os meandros da redação jornalística.

O professor, um senhor simpático e muito sábio, fazia uma explicação sobre as diferentes técnicas de escrita. Ele falava sobre os recursos que a língua nos oferece, como metáforas, símiles e personificações. Eu, que sempre fui curiosa e meio tagarela, resolvi fazer uma pergunta:

"Professor, qual é a diferença entre metáfora e símile?"

Ele sorriu e respondeu pacientemente:

"Uma metáfora é uma comparação implícita, enquanto uma símile é uma comparação explícita."

Eu balancei a cabeça, fingindo entender. Mas a verdade é que fiquei com a pulga atrás da orelha. O que diabos ele quis dizer com "implícita" e "explícita"? Resolvi anotar numa folha de papel pra pesquisar depois.

O tempo passou, e eu continuei com minha dúvida. A aula acabou, e eu fui direto pra biblioteca. Cheguei lá, peguei um dicionário e comecei a procurar as definições das duas palavras. Mas, pra minha decepção, elas não esclareceram nada. Só deixaram a coisa ainda mais confusa.

Desesperada, resolvi perguntar pra uma amiga que também fazia jornalismo. Ela era a nerd da turma, então tinha certeza que ela saberia me explicar.

"Amiga, me ajuda aqui. Qual é a diferença entre metáfora e símile?"

Ela me olhou com uma cara de surpresa:

"Você não sabe? Ah, meu Deus, isso é básico."

E lá foi ela, me explicando com a maior paciência do mundo. Enquanto ela falava, eu ia anotando tudo na minha folha de papel. Quando ela terminou, eu finalmente entendi a diferença entre as duas técnicas de escrita. Mas aí veio o problema.

Eu estava tão concentrada nas anotações que tinha esquecido totalmente da minha pergunta. E o pior: eu tinha anotado a explicação dela errada!

Na aula seguinte, o professor pediu pra gente fazer um exercício de escrita. Era pra escrever um texto usando metáforas e símiles. Eu, que estava cheia de confiança, pensei: "Agora é minha chance de brilhar!"

Peguei minha folha de papel e comecei a escrever. Mas, pra minha surpresa, o texto ficou uma verdadeira salada. Eu tinha trocado os conceitos de metáfora e símile, e o resultado foi um desastre.

O professor leu meu texto e fez uma cara estranha. Ele me perguntou se eu tinha entendido a explicação da aula anterior, e eu, toda envergonhada, respondi que sim.

"Mas pelo visto, não entendi muito bem", ele disse, rindo.

A turma toda riu, mas eu não consegui achar graça. Eu estava morrendo de vergonha. Naquele momento, eu só queria sumir.

Mas não deu tempo. O professor me chamou pra frente da sala e me pediu pra explicar a diferença entre metáfora e símile. E aí, vejam só, eu comecei a gaguejar. Quanto mais eu tentava falar, mais confusa eu ficava. A turma não aguentou e começou a rir.

Eu queria tanto que o chão se abrisse pra eu poder cair dentro. Mas não deu. Tive que ficar ali, passando a maior vergonha da minha vida.

Quando finalmente consegui terminar minha explicação (ou falta dela), o professor olhou pra mim com um sorriso no rosto:

"Não se preocupe, todo mundo passa por isso. Até eu já errei muito na vida."

Aquela frase foi como um bálsamo pra minha alma. Ela me fez perceber que não era a única pessoa que já tinha passado por uma situação embaraçosa. E que, no final das contas, tudo bem errar. O importante é aprender com os erros.

E foi assim que eu aprendi a diferença entre metáfora e símile. De um jeito bem inusitado, mas que nunca mais esqueci.