Com certeza muitos já devem ter visto a frase "todo homem é um potencial estuprador/violentador", entretanto a posição do homem não um determinismo biológico como prega o feminismo, mas uma condição das relações de produção da sociedade de classes, na forma como essa se organiza.
Não há quaisquer diferenças entre o discurso feminista e as teses lombrosianas, ambas partem do determinismo biológico, da observação sensorial da sociedade sem ir a fundo nas origens dos problemas, no processo materialista histórico e dialético da luta de classes em que se desenvolve uma classe e sociedade. Disso incorre em políticas reacionárias como as das feministas estadunidenses que, em tempo que defendiam as mulheres negras contra seus "potenciais estupradores", homens negros, se aliavam a reação racista e difamatória do homem negro e mestiço, indo contra os direitos civis para essa categoria nos EUA, isso numa época que homens negros eram enforcados em praças públicas sob a alegação de estupro. Esse determinismo biológico, idealista-radical-sectário, sempre colocou o feminismo com uma ideologia de seita, incapaz de atingir as classes mais pobres das mulheres, ou trazer qualquer reflexão aos homens, se limitando a uma ideologia pequeno-burguesa, minoritária, que oscila entre bandeiras justas e outras extremamente conservadoras como essas campanhas de que "o homem é um potencial estuprador". A pergunta é, que homem? O feminismo ignora que homens e mulheres tem classe. Com isso se aliam ao que há de mais fascista na sociedade atacando imigrantes islâmicos, negros, latino-americanos etc...pois por mais que se esconda atrás dessa demagogia de que "há homens estupradores em todas as classes", com seu idealismo senil, esquecem que quem mais sofre com esse discurso generalizador é o homem negro e pobre, os imigrantes e de minorias religiosas.
Assim como há segundo a sociedade "bandidos em potencial" e nós sabemos que esse problema está diretamente ligado a situação de miséria que a maioria se encontra e não fatores étnicos, em complemento, sabemos que mesmo que tenha homens misóginos nas classes médias e burguesas, ainda sim é mais comum ver a violência feminina nas classes mais baixas, e que esse fator também não é resultado direto de fatores biológicos dos homens pertencentes à essas classes ( predominantemente negros/mestiços/imigrantes) mas de sua própria condição socioeconômica, das condições de semifeudalidade que vivem e refletem sobre eles, do atraso político, social, econômico condicionado pela exploração das potências imperialistas, que se posam com toda sua beleza e desenvolvimento democrático às custas do atraso das nações e povos subdesenvolvidos.
A superestrutura patriarcal que tem seu surgimento a partir da sociedade em classes e seu ápice de desenvolvimento durante o feudalismo, sofreu um grande refluxo com as revoluções democráticas burguesas, propiciadas devido ao alto desenvolvimento das forças e relações produtivas. Mas na medida que as primeiras nações burguesas avançavam na emancipação social de homens e mulheres, as suas colônias e semicolônias são mantidas sob um atraso tão agravante que o nosso sistema capitalista é moribundo, predominando relações econômicas semifeudais que por sua vez remetem à um atraso em sua superestrutura. As legislações humanitaristas importadas das grandes democracias burguesas são frases demagógicas, uma vez que não estão em consonância com o atraso que o brasileiro e outros povos do mundo estão submetidos.
Essa frase, ainda que faça algum sentido semântico, é fraca ideologicamente, não se apoia em qualquer principio cientifico, e ainda é infantil, causando antipatia e segregação entre homens e mulheres. Não serve sequer para agitação. O trabalho de diálogo com as massas populares começa do pequeno ao grande, a vanguarda não pode dar um passo além das massas, mas conscientizá-las para que deem este passo consigo, sendo discursos esteticamente radicais apenas isso, estéticos, servindo ao isolamento político e a falta de prática social. Nada minimamente reformista foi construído entorno dessa e outras ideias do feminismo radical, isso para não falar de transformações revolucionárias, justamente por esse ser uma ideologia sectária, pós-moderna, reduzida aos microgrupos de poder, principalmente da pequeno-burguesia norte americana universitária.