Ithaka




Em minha primeira viagem à Ithaka, em 2015, eu tinha a expectativa de encontrar a idílica ilha descrita por Homero na "Odisseia". Mas conforme nosso barco se aproximava, uma paisagem árida e rochosa se revelou, muito diferente da terra exuberante retratada na epopeia.

Desembarcando no porto de Vathi, a principal cidade da ilha, fui recebido por um bando de gatos famintos. Eles me seguiram pelas ruas estreitas e sinuosas, enquanto eu procurava uma cafeteria para um café da manhã. Era uma manhã preguiçosa e quente, e o aroma do café recém-passado enchia o ar.

Encontrei um lugarzinho aconchegante chamado "Odisseia", onde me sentei e pedi um iogurte grego com mel e nozes. Enquanto saboreava meu café, olhava as pessoas ao meu redor. Elas pareciam amigáveis e descontraídas, muito diferentes da imagem que eu tinha dos gregos como um povo sério e reservado.

Depois do café, decidi explorar a cidade. Passei pelas lojinhas de souvenirs, vendendo réplicas de estátuas clássicas e camisetas com slogans engraçados. Em uma loja, encontrei um velho artesão que estava esculpindo uma estatueta de Ulisses em madeira. Ele me contou que, apesar da ilha ser pequena, possuía uma longa e rica história.

Segui meu caminho até a Acrópole de Ithaka, no topo de uma colina. As ruínas do antigo castelo veneziano ofereciam uma vista deslumbrante do mar cristalino. Foi naquele local que Homero situou o palácio de Ulisses. Fiquei imaginando o herói grego retornando ao seu lar após anos de aventuras e guerras.

No caminho de volta, passei por uma praia chamada Limni. As águas azuis-turquesa e a areia branca me convidavam a dar um mergulho refrescante. Nadando no mar, senti um profundo senso de paz e tranquilidade. Era como se o espírito de Ithaka estivesse me abraçando.

À noite, jantei em uma taberna tradicional. O cardápio oferecia uma variedade de pratos gregos autênticos, como moussaka, souvlaki e baklava. Compartilhei uma mesa com um grupo de moradores locais, que me contaram histórias sobre a vida na ilha. Ouvi falar sobre a pesca, as tradições e o orgulho que eles tinham por seu lar.

Naquela noite, deixei Ithaka com uma nova apreciação por sua beleza e seus habitantes. Pode não ser a ilha idílica que eu havia imaginado, mas era um lugar real, vibrante e acolhedor. E, acima de tudo, era o lugar onde Ulisses finalmente encontrou seu lar.

Se você está procurando uma ilha paradisíaca com praias de areia branca e águas cristalinas, Ithaka pode não ser o seu destino ideal. Mas se você estiver interessado em história, cultura e a essência da Grécia autêntica, então esta pequena ilha no Mar Jônico certamente o encantará.