Lorenzo Somaschini: o gênio brasileiro da neurociência




"Vocês não têm ideia, é algo incrível. Você fica lá, sentado, imóvel, e de repente, surge um milhão de pensamentos. É como se sua mente ganhasse vida própria e começasse a falar com você."
Quem conta isso não é um místico ou um guru da meditação, mas sim o neurocientista brasileiro Lorenzo Somaschini. Ele é um dos pioneiros no estudo da neuroimagem, uma técnica que permite visualizar o funcionamento do cérebro enquanto ele realiza diferentes tarefas.
Nascido no Rio de Janeiro, Somaschini sempre foi fascinado pelo cérebro humano. "Eu queria entender como aquela coisa dentro da nossa cabeça conseguia fazer tudo aquilo que fazemos: pensar, sentir, criar, amar", conta.
Aos 18 anos, ele ingressou no curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois de se formar, fez doutorado em neurociência cognitiva na University College London, na Inglaterra.
Foi durante o doutorado que Somaschini entrou em contato com a neuroimagem. Ele ficou impressionado com a capacidade da técnica de revelar os segredos do cérebro. "Era como se eu tivesse uma janela para o mundo dos pensamentos", diz.
De volta ao Brasil, Somaschini fundou o Laboratório de Neuroimagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desde então, ele tem usado a neuroimagem para estudar uma ampla gama de questões relacionadas ao cérebro, desde o vício até a memória.
Um dos seus estudos mais importantes mostrou que o vício em drogas altera a estrutura do cérebro. "Nós descobrimos que pessoas viciadas em cocaína têm uma redução no volume da amígdala, uma região do cérebro responsável pelo processamento emocional", explica Somaschini.
Essa descoberta pode ajudar a desenvolver novas terapias para o vício, que se concentrem em restaurar a função da amígdala.
Somaschini também tem estudado o papel do cérebro na memória. Ele descobriu que a formação de novas memórias envolve a ativação de uma rede de regiões cerebrais, incluindo o hipocampo, o córtex pré-frontal e o córtex temporal medial.
Essa descoberta pode ajudar a desenvolver novas estratégias para melhorar a memória, como exercícios cognitivos e estimulação cerebral.
O trabalho de Somaschini tem sido reconhecido internacionalmente. Ele é membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências. Em 2015, ele recebeu o Prêmio TWAS de Ciência Médica.
O neurocientista brasileiro é um exemplo de que a ciência brasileira pode produzir pesquisas de ponta. Ele é um inspiração para todos que sonham em fazer a diferença no mundo.
"O cérebro humano é uma das coisas mais complexas e fascinantes do universo", diz Somaschini. "Eu me sinto muito honrado por poder estudar esse órgão incrível e ajudar a desvendar seus mistérios."