O Acólito




Na penumbra da Catedral de São Cristóvão, um jovem seminarista chamado Mateus embarcava em uma jornada de fé e duvida.

Aos 16 anos, Mateus havia deixado para trás o caloroso lar para ingressar no sombrio e imponente seminário. Ele buscava algo maior, uma conexão com o divino que sentia faltar em sua vida. Mas o que encontrou foram paredes frias, regras sufocantes e um abismo entre suas expectativas e a realidade.

O Padre Superior, um homem austero de voz grave, impunha uma disciplina rígida. As horas de oração, estudo e trabalho manual eram intermináveis. Mateus sentia-se preso, questionando se aquele era o caminho que havia escolhido.

Uma noite, ao limpar os confessionários, Mateus ouviu um murmúrio vindo de uma das cabines. Curioso, ele se aproximou e reconheceu a voz de Sofia, uma jovem paroquiana conhecida por sua devoção.

"Tenho dúvidas", ela confessava. "Dúvidas sobre a minha fé, sobre a Igreja... Sinto que estou perdendo minha conexão com Deus."

Mateus ficou chocado. Ele nunca havia questionado sua fé antes. As palavras de Sofia ecoaram em sua mente, semeando uma pequena semente de dúvida.

Nos dias seguintes, Mateus começou a ler os textos sagrados com um olhar diferente. Ele descobriu passagens que desafiavam os dogmas que havia aprendido. Ele se deparou com histórias de profetas que questionavam o estabelecido e discípulos que lutavam com suas próprias fraquezas.

A dúvida crescia dentro dele como uma chama que se recusava a ser apagada. Ele confidenciou seus pensamentos a um velho bibliotecário que o aconselhou a abraçar o questionamento, a buscar o conhecimento e a confiar em sua própria consciência.

A jornada de Mateus tornou-se cada vez mais solitária. Os outros seminaristas o evitavam, temendo sua influência "herética". Ele se sentiu isolado, um acólito errante em busca de um lar espiritual.

Uma tarde, enquanto caminhava pelo claustro, Mateus notou um estranho símbolo gravado em uma coluna. Era um pentagrama, um antigo símbolo de proteção e equilíbrio. Ele ficou fascinado, sentindo uma conexão inexplicável com aquele desenho.

Naquela noite, ele sonhou com uma mulher misteriosa que lhe dizia para seguir o pentagrama. Ele acordou confuso, mas uma sensação de determinação havia se apossado dele.

Mateus deixou o seminário e embarcou em uma nova jornada. Ele seguiu o pentagrama, que o levou a um caminho desconhecido, mas repleto de possibilidades. Ele descobriu uma comunidade acolhedora de pessoas que questionavam o dogma e buscavam uma fé mais autêntica.

A jornada do acólito continuou, cheia de altos e baixos. Houve momentos de iluminação e momentos de escuridão. Mas através de tudo isso, Mateus aprendeu que a fé não era um caminho linear, mas uma jornada contínua de questionamento, dúvida e descoberta.

E assim, o ex-acólito se tornou um farol para aqueles que também buscavam um caminho além das crenças tradicionais.

"A jornada da fé é uma busca constante, um caminho de questionamentos e descobertas. Não tenha medo de duvidar, pois é na dúvida que encontramos a verdade."