Não é fácil escrever sobre Filipe Martins, o fotojornalista que documentou alguns dos momentos mais trágicos e marcantes da história recente de Portugal. O meu propósito não é elogiar o seu trabalho, mas sim tentar perceber o ser humano por detrás da câmara, aquele que arriscou a sua vida para contar histórias que ninguém mais conseguia.
Conheci Filipe há alguns anos, quando ele foi convidado para dar uma palestra na universidade onde eu estudava. Fiquei impressionado com a sua humildade e com a forma como conseguia transmitir a paixão que sentia pelo jornalismo. Mas foi só mais tarde, quando comecei a ler as suas reportagens e a ver as suas fotografias, que compreendi a verdadeira dimensão do seu trabalho.
Filipe é um conta-histórias nato. As suas reportagens são como romances, cheias de personagens complexas e reviravoltas inesperadas. Mas ao contrário dos romancistas, Filipe tem a responsabilidade de contar histórias verdadeiras, histórias que podem ter um impacto real na vida das pessoas.
Uma das reportagens que mais me marcou foi sobre a tragédia de Pedrógão Grande, em 2017. Filipe esteve no local durante vários dias, documentando o sofrimento das vítimas e a coragem dos bombeiros que lutavam contra as chamas. As suas fotografias são um testemunho comovente da devastação causada pelos incêndios, mas também do espírito de solidariedade que uniu a comunidade.
Mas o trabalho de Filipe não se limita a documentar tragédias. Ele também é um exímio retratista de histórias de esperança e resiliência. A sua série de fotografias sobre os sobreviventes do terramoto do Nepal é um exemplo disso. Filipe conseguiu captar a dor e a perda dessas pessoas, mas também a sua força de vontade e a sua capacidade de reconstruir as suas vidas.
Filipe Martins é um fotojornalista excepcional, mas acima de tudo é um ser humano extraordinário. O seu trabalho é uma inspiração para todos nós, um lembrete de que, mesmo nos momentos mais difíceis, há sempre esperança e que é possível contar histórias que fazem a diferença.
Obrigado, Filipe, por nos mostrares o rosto do desastre e, ao mesmo tempo, por nos dares a esperança.