Somos Portugal, Catarina Miranda

Não sei ao certo o que me levou àquele pequeno povoado no coração de Portugal. Talvez tenha sido o desejo de uma mudança, de um novo começo, ou talvez apenas a curiosidade que sempre me guiou pelas estradas da vida. Mas a verdade é que, quando cheguei a Catarina Miranda, senti que algo dentro de mim se encaixava perfeitamente.

Era um lugar tranquilo, onde o tempo parecia fluir a um ritmo mais lento. As casas brancas e azuis, as ruas estreitas e empedradas, tudo contribuía para uma atmosfera encantadora e nostálgica. Os moradores me receberam com calorosa simpatia, como se eu fosse uma velha amiga que voltava para casa.

Certa manhã, enquanto passeava pelo centro da vila, ouvi uma voz suave cantando uma canção tradicional. A melodia era tão cativante que me aproximei timidamente até a fonte de onde vinha o som. Lá, uma jovem chamada Maria estava sentada em um banco, com os olhos fechados e os dedos deslizando suavemente sobre uma guitarra.

Parei para ouvir, e assim que a música terminou, não resisti a elogiar a sua voz. Maria sorriu timidamente e me contou que havia crescido naquela vila, onde a música sempre foi parte da sua vida. Convidou-me para tomar um café na sua casa, e ali passei horas deliciosas, ouvindo histórias e canções que me transportaram para um mundo de tradições e encantos.

Catarina Miranda não se limitava à sua encantadora vila. Estava rodeada por uma natureza deslumbrante, que eu aproveitei ao máximo durante os meus passeios. Caminhei por trilhas ladeadas de oliveiras centenárias, admirei os vinhedos que se estendiam até à beira do horizonte e deslumbrei-me com as paisagens deslumbrantes do Rio Douro.

Num desses passeios, encontrei um rebanho de ovelhas a pastar tranquilamente num prado verdejante. O pastor, um sujeito simpático chamado António, convidou-me a sentar-me com ele e partilhar um almoço simples. Comer queijo fresco, pão caseiro e fruta madura, enquanto contemplava as encostas suaves das montanhas, foi uma experiência inesquecível.

Mas Catarina Miranda não era apenas sobre paisagens deslumbrantes e encontros memoráveis. Era também sobre aqueles momentos mágicos que tornaram a minha estadia tão especial. Como a noite em que assisti a uma festa tradicional, onde os moradores vestiram trajes coloridos e dançaram ao som de acordeões e violas.

Ou a tarde em que visitei uma pequena adega familiar e provei alguns dos vinhos mais deliciosos que já degustei. Ou ainda a manhã em que acordei com o som dos pássaros e passei horas a escrever num café acolhedor, com vista para o rio.

Cada momento que passei em Catarina Miranda foi um presente, um tesouro que guardarei para sempre no meu coração. Foi um lugar que me renovou, me inspirou e me fez sentir profundamente ligada às minhas raízes portuguesas.